Tal como mencionei anteriormente, os efeitos
nefastos da tradição não se restringem só ao espaço guineense. Senão, podemos falar do “efeito Jacob Zuma”. O reflexo da diversidade étnica faz-se sentir em muitos países africanos, tal como na África
do Sul, onde o actual presidente
Jacob Zuma foi protagonista de uma situação caricata ao pedir um decreto presidencial que instituísse um
“sistema rotativo da primeira-dama”.
Zuma tem três mulheres com pelo menos dezanove filhos e ficou numa situação
de grande indecisão quando se viu obrigado a escolher apenas uma das suas
esposas para ficar ao seu lado como primeira-dama. Zuma queria ter a mais nova, elegante e mais
apresentável como primeira-dama (Nompumelelo
Ntuli). Mas, por pressão da sua
etnia, acabou por escolher Sizakele
Khumalo, com quem casara em 1973.
A lei sul-africana reconhece os casamentos
tradicionais e a poligamia, acabando muitas vezes por chocar com os direitos humanos fundamentais. Este é um exemplo que
nos deve levar a reflectir seriamente sobre as implicações da etnicidade e da tradição nas sociedades africanas. A
verdade é que o sistema rotativo de mulheres casadas com um homem africano funciona nas tradições africanas e é responsável pela expansão das doenças infecto-contagiosas como a SIDA (Mendes, 2010: 64-65, 81-84;
Público, 24/25-04-2009: 16; Revista Sábado, nº 260, 23 a 29-01-2009: 68-72).
Mesmo em Portugal podemos encontrar um caso
análogo. Otelo Saraiva, antigo
combatente português na guerra colonial de Angola e da Guiné-Bissau, e capitão
de Abril, assume ser poligâmico
(neste caso trata-se de bigamia).
Uma vez que já concorreu duas vezes às eleições presidenciais
portuguesas (1976 e 1980), podemos supor que, caso fosse eleito, ficaríamos perante duas “primeiras-damas” tal como aconteceu com Jacob Zuma (Sol,
19-04-2012).
Preparem-se porque no próximo post apresentarei uma proposta de solução alternativa sobre a
forma de lidar com a tradição na Guiné-Bissau e em África.
Para mais informações,
consultar o meu livro: Mendes, Livonildo Francisco (2015). Modelo
Político Unificador – Novo Paradigma de Governação na Guiné-Bissau (pp.
254-255). Lisboa: Chiado Editora.
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