Na maioria dos posts, existem hiperligações, de cor azul escuro, nas quais basta clicar para ter acesso às notícias, outros posts etc.

domingo, 29 de novembro de 2015

Respeitar o passado para construir o futuro: em defesa das estátuas na Guiné-Bissau

            Tendo em conta as notícias divulgadas nos meios de comunicação social, blogues e facebook, dando conta da posição do Régulo/Chefe tradicional Lúcio Rodrigues, em defesa da reposição das estátuas erguidas na época colonial, que foram derrubadas após a independência nacional na Guiné-Bissau, sinto-me motivado a dizer que este Régulo subscreveu de forma implícita ou explícita as minhas críticas construtivas, já defendidas ao longo da minha formação, em especial, na dissertação de mestrado (2010), tese de doutoramento (2014) e no meu livro (2015).
Com base nesta linha de pensamento, fundamentei a minha análise numa abordagem crítica de Raymond Aron, que defendia o capitalismo por oposição ao comunismo, e considerava que o marxismo é o “ópio dos intelectuais”, “e dos líderes africanos”, porque os leva a desculpar os erros e crimes cometidos nos países “de ideologias” comunistas, por acreditarem que os terríveis sofrimentos do povo na ditadura do proletariado seriam compensados na fase final do comunismo, com uma sociedade de liberdade, igualdade e amor. O marxismo é, para Aron, mais perigoso que a religião (o “ópio do povo”, segundo Marx), porque defende a construção de um mundo melhor através da morte ou desaparecimento da face da terra de classes inteiras, membros de partidos “políticos” não-marxistas, e de todos os que são considerados “indesejáveis”. No marxismo, não existe caminho pela via pacífica, é necessária a revolução e a insurreição para destruir pela violência/guerra todas as condições sociais existentes (por exemplo, os ajustes de contas contra os guineenses que eram aliados do colonialista português e a destruição e derrube das estátuas erguidas pelos portugueses na Guiné-Bissau [Diogo Cão, Nuno Tristão, Teixeira Pinto, Honório Barreto, etc.], com a excepção da estátua da Maria da Fonte).
Na qualidade de Sociólogo e Politicólogo guineense, subscrevo o slogan do grande filósofo/político romano Marco Túlio Cícero [106 a.C. – 43 a.C.], que dizia que “quem desconhece a história permanece criança”. É por este motivo que defendo uma cooperação forte e saudável entre a Guiné-Bissau e Portugal, como forma de ambos corrigirem os erros do passado, nomeadamente a urgente necessidade do Estado guineense repor todas as estátuas construídas/erguidas pelos portugueses na Guiné-Bissau, que foram derrubadas após a independência nacional. Visto que a preservação da herança cultural com todas as memórias vivas através dos seus monumentos constitui o orgulho e respeito de um povo, os guineenses devem saber distinguir o passado, valorizar o presente e projectar um futuro melhor. Além disso, é importante pressionar Portugal para a manutenção dos patrimónios culturais erguidos na Guiné-Bissau; e exigir de Portugal o pagamento de pensões ou reformas aos seus antigos comandos africanos – o Estado guineense deve também erguer algumas estátuas das figuras lendárias guineenses desde 1240 até à actualidade e apoiar os seus antigos combatentes do PAIGC, no sentido de não criar desequilíbrios entre as diferentes partes. O reconhecimento desses erros é um dos primeiros passos que a nação guineense e a nação portuguesa podem dar para a estabilidade política e o fortalecimento de relações.

(Fontes: Amaral, 2011: 387, 464, 467, 469, 567-570Cícero, 2013; Mendes, 2010: 97; 2014: 432; 2015: 93, 164, 544; Sapo, 28-11-2015)


Para mais informações, consultar o meu livro: Mendes, Livonildo Francisco (2015). Modelo Político Unificador – Novo Paradigma de Governação na Guiné-Bissau (pp. 93, 164, 544)Lisboa: Chiado Editora.


6 comentários:

  1. Concordo.Elas são História assim como monumentos que o Estado português deve contribuir para sua manutenção.

    ResponderEliminar
  2. Caro amigo Livonildo, fiquei contente com este artigo, mas a pena eque as pessoas confundem as coisas. Elas devem saber que o passado colonial faz parte da nossa historia.

    ResponderEliminar
  3. Caros amigos António Leite de Magalhães e Bubacar Djaló, muito obrigado pelos vossos comentários. É bom saber que a minha análise da realidade guineense faz sentido para algumas pessoas. Conto convosco. Um grande abraço

    ResponderEliminar
  4. Parabéns pelo artigo, Livonildo! excelente análise.

    ResponderEliminar
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caríssima amiga Caetano Caetano muito obrigado pelas tuas palavras

      Eliminar